Quinze dias após a posse no cargo de
prefeito do município de Coremas (localizado na região do Sertão
paraibano e distante 389 quilômetros de João Pessoa), Antônio Lopes
(PSDB) não conseguiu sequer entrar em seu gabinete para os primeiros
despachos. Faltam cadeiras, o ar condicionado está sem funcionar, o teto
caído e as instalações elétricas estão queimadas.
Ao chegar para o seu primeiro dia de
trabalho, o novo prefeito deparou-se também com um odor desagradável.
“Espalharam fezes humanas por vários ambientes da sede da Prefeitura
Municipal”, contou por telefone o vice-prefeito Lucrenato Ramalho
Júnior, que também está impedido de despachar em seu gabinete.
Lopes e Lucrenato se espantaram com o
descaso da ex-gestão. “Quando assumimos fomos fazer uma vistoria na
prefeitura. Ao entrar no prédio parecia que estávamos entrando em um
edifício abandonado. Nada era aproveitado. Havia lixo em todas as salas.
Nem cadeira o prefeito tinha pra sentar”, comentou um indignado
vice-prefeito.
De
acordo com ele, além das deficiências estruturais do prédio da
Prefeitura, as secretarias municipais enfrentam problemas graves.
“Documentos perdidos, computadores queimados, birôs quebrados e cadeiras
rasgadas. Todos os secretários já foram nomeados, mas eles estão
trabalhando de casa com seus próprios computadores. Até o prefeito está
despachando de casa”, relatou Lucrenato.
Outro problema grave foi identificado
com as contas públicas. Segundo Lucrenato, a Prefeitura tem um débito
com a Energisa de R$ 2 milhões e R$ 16 milhões com a previdência.
Segundo os gestores de Coremas, os servidores estão com dois meses de
salários atrasados, ambulâncias do Samu paralisadas por causa do
licenciamento atrasado, carros oficiais sem baterias, ônibus escolar sem
motor e trator sem grade (implemento acoplado ao maquinário para arar a
terra).
“Estamos preocupados com a situação que
está se desenhando na zona rural. Com a possível chegada das chuvas, os
agricultores estão se preparando para plantar as sementes e esse
trabalho poderá ser prejudicado devido o problema no trator. Como a
grade foi roubado, os ficam impossibilitados de preparar a terra para a
plantação”, revelou o vice-prefeito.
Eles prometem levar essas denúncias ao Ministério Público e ao Tribunal de Contas do Estado, com toda documentação.
Coremas tem em seu território, de
379,491 metros quadrados, o maior açude da Paraíba, com capacidade
máxima de 720 milhões de metros cúbicos de água. O manacial foi
construído pelo Dnocs nas décadas de 30 e 40. Também possui a única
usina hidroelétrica do Estado, fornecendo energia ao sistema Chesf.
Atualmente, o açude tem 314 milhões e
565 metros cúbicos de água (43,7% do seu total). Ele é interligado ao
açude Mãe d’Água, com capacidade de 638 milhões e 700 mil metros cúbicos
e que hoje dispõe de 237 milhões e 120 mil metros cúbicos (37,1% de seu
volume total). Segundo o Censo do IBGE, a população de Coremas é
estimada em 15 149 habitantes. Tem um IDH médio de 0,595.
Antônio Lopes já foi prefeito do
município por três mandatos distintos (1955/59, 1963/69 e 1973/77).
Lucrenato foi prefeito por dois mandatos (1969/72 e 1977/82).
No ano passado, Antônio Lopes foi eleito
com 4.887 votos, contra 4.329 votos da candidata Dra. Pâmela (PSD), que
teve o apoio do ex-prefeito Edilson Pereira de Oliveira.
Por Jean Ganso, Com Focando a Noticia