Um dos supostos falsos médicos investigados por fraude pela Polícia
Civil em Sorocaba (SP) trabalhou por seis meses em 2014 no
Pronto-Socorro Dr. Álvaro Azzuz, em Franca (SP). Segundo o Conselho
Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), Pablo do
Nascimento Mussolim chegou a registrar que atuou na unidade por 30 dias
sem descanso, e recebeu um salário de R$ 80 mil.
Segundo a polícia, Mussolim utilizava o CRM e o nome de Pablo Galvão, um médico que atua no Rio Grande do Norte.
O
suspeito foi preso na semana passada e trabalhava na Santa Casa de São
Roque (SP). Ao todo, segundo o delegado seccional Marcelo Carriel, seis
pessoas que exerciam irregularmente a função estão sendo investigadas.
Descoberta
Segundo o delegado regional do Cremesp em Franca, Ulisses Minicucci, as denúncias contra Mussolim começaram no ano passado, quando a Comissão de Ética da Câmara dos Vereadores apurava um atendimento prestado a um paciente. “Solicitamos que o médico comparecesse para fazer a manifestação, nós percebemos que esse médico convocado não era o que tinha feito o atendimento. O médico verdadeiro, do qual ele usava a carteirinha, nos afirmou que não tinha feito nenhum atendimento em Franca.”
Minicucci explica que Mussolim havia sido contratado por
uma empresa terceirizada, que prestava serviços à Prefeitura de Franca.
“A responsabilidade de confirmar se a pessoa é médica é, em primeiro
lugar, da cooperativa. Porque ela que pegou o serviço terceirizado,
evidentemente ela tinha responsabilidade sobre isso”, afirma.
O
delegado explica que após ser chamado para prestar esclarecimentos,
Mussolim deixou de atender em Franca. “O médico falso nunca mais
apareceu. Ele deu os plantões aqui em Franca e não se tem mais notícia
dele aqui.”
A denúncia foi encaminhada ao Ministério Público.
Segundo o delegado regional, até o momento, não há resultados de que a
atuação do suspeito tenha acarretado em alguma morte.
Procurada, a
Prefeitura de Franca afirmou que pediu à organização de saúde
responsável pela contratação dos médicos, as informações necessárias
para tomar providências.
Por telefone, um atendente da organização
de saúde Instituto Ciências da Vida, responsável pela contratação de
Mussolim, informou já ter conhecimento sobre o caso.
Investigação
Dos médicos irregulares descobertos, apenas Mussolim e outros dois tiveram as identidades divulgadas pela polícia. Eles são Natani Thaisse de Oliveira, que trabalhava com os documentos de Natalia Oliveira, cuja localização ainda não foi confirmada pela polícia, e outra mulher identificada apenas como Vilca, que utilizava o CRM de Cibele Lemos e Silva, profissional que trabalha na Santa Casa de Patrocínio Paulista (SP).
As irregularidades só foram descobertas depois que Vilca,
que atendia como médica no pronto-atendimento de Alumínio (SP), com o
nome e registro profissional de Cibele, foi embora de um plantão sem dar
justificativa à equipe que trabalhava com ela. O diretor da unidade
decidiu consultar o CRM para tomar uma atitude administrativa contra
ela, mas acabou descobrindo que a foto do perfil da profissional não
condizia com a pessoa que trabalhava no local.
Vilca fugiu após o
início das investigações e Natani foi presa. Segundo o delegado, a
polícia vai apontar se os médicos verdadeiros tinham conhecimento do uso
de seus registros e qualificação pelos falsos profissionais.
A
Innovaa, empresa prestadora de serviços responsável pelas contratações
dos médicos na região de Sorocaba, informou em nota que as admissões
foram feitas com base na apresentação dos documentos pessoais e do
registro do profissional no CRM.
Segundo a empresa, no caso dos
médicos irregulares, todos os documentos apresentados condiziam com
profissionais médicos registrados no CRM. A falsificação desses
documentos não foi detectada, porque as fotos dos profissionais só
passaram a aparecer no site do Cremesp no dia 6 de julho.
G1