Antes de a bola rolar para Brasil e Chile, lembramos da freguesia dos
vermelhos, da força da nossa torcida, do poder decisivo de Neymar.
Lembramos também do ótimo aproveitamento de Felipão em mata-matas, das
deficiências do nosso adversário, do fato de não cairmos nas oitavas de
uma Copa há 24 anos. Só não nos recordávamos como era sofrer tanto assim
em um jogo de Mundial. Faltou futebol à Seleção e unha para os
brasileiros roerem. Sobrou estrela a Júlio César, um monstro na disputa
de pênaltis.
Depois de 120 minutos de angústia, ansiedade, apreensão e um empate em 1
a 1 - gols de David Luiz e Alexis Sánchez, o camisa 12 cresceu, pegou
duas cobranças e viu a bola de Jara, a última da disputa, explodir na
trave. Histórico!
O Brasil ainda não jogou o que dele se espera, mas segue na festa que
montou. Agora, tenta se reestabelecer física e mentalmente antes de
encarar o vencedor de Colômbia e Uruguai, que se enfrentam às 17h deste
sábado.
O JOGO
Não parecia que seria tão difícil. Mudada, a Seleção teve seu melhor
início de jogo nesta Copa. A entrada de Fernandinho no lugar de Paulinho
não foi a única alteração. Para conter as subidas do Chile pela
direita, Felipão deslocou Hulk para a esquerda, e o camisa 7 atuou quase
como um lateral, dando proteção a Marcelo. Oscar jogou pela direita e
Neymar teve liberdade para flutuar entre o meio e o ataque. O craque
correu, apanhou bastante, perdeu gols...
A Joia não teve tanto espaço como nos três primeiros jogos, e a Seleção
recorreu à arma que todos já esperavam: a bola aérea. Contra a defesa
baixinha do Chile - e sem grande repertório de jogadas - o Brasil passou
a cruzar bolas na área. Foi assim que, aos 17 minutos, David Luiz se
enroscou com Jara, que marcou contra - o gol foi dado ao zagueiro
canarinho.
A Roja marcava em cima, tinha mais posse de bola, mas criava pouco.
Assim, só conseguiria chegar ao gol de Júlio César em uma falha
brasileira. E foi o que aconteceu. Quase na linha de fundo, Marcelo
cobrou um mal um lanteral, Hulk tocou errado e o Chile não perdoou.
Ligado, Vargas recuperou a bola, deu a Sánchez e o atacante do Barcelona
estufou as redes. Aos 30 minutos, os comandados por Jorge Sampaoli
davam o segundo chute na partida - o primeiro no alvo - e empatavam o
confronto.
A partir de então a partida ganhou ares dramáticos. Mais do que
equilibrar a partida, o Chile passou a jogar melhor. Espalhado, o Brasil
deu espaços para a Roja e se distanciou do gol de Bravo.
A história poderia ter sido até outra, mas o gol de canela de Hulk foi
anulado. O árbitro Howard Webb considerou que ele dominou a bola com a
mão. Poderia ter sido ainda mais dramática também se não fosse a grande
defesa de Júlio César em chute à queima roupa de Aránguiz.
Felipão mexeu mal. Trocou Fred por Jô, mas o problema estava na
criação. Problema que Ramires também não resolveu quando entrou no lugar
de Fernandinho. Quando Willian entrou na vaga de Oscar, no segundo
tempo da prorrogação, já não havia muita tática, técnica, nem força nas
pernas. Era só coração. Foi assim a cada cruzamento da Seleção, no chute
de Pinilla no travessão aos 15 do quarto tempo, no contra-ataque que o
Brasil não aproveitou no último lance da partida... Vieram os pênaltis e
o Júlio cresceu. Willian e Hulk erraram, mas a vaga era canarinho.
FICHA TÉCNICA
BRASIL 1 (3) X (2) 1 CHILE
Data e horário: 28/6/2014, às 13h00
Local: Mineirão, Belo Horizonte (MG)
Árbitro: Howard Webb (ING)
Assistentes: Michael Mullarkey (ING) e Darren Cann (ING)
Público: 57.714
Cartões Amarelos: Hulk, Luiz Gustavo, Jô, Daniel Alves (BRA); Mena, Silva, Pinilla (CHI)
GOLS: David Luiz, aos 17'/1ºT (1-0); Aléxis Sánchez, aos 30'/1ºT (1-1)
Brasil: Júlio César, Daniel Alves, David Luiz, Thiago Silva e Marcelo;
Luiz Gustavo, Fernandinho (Ramires, 26'/2ºT), Hulk, Oscar (Willian,
intervalo da prorrogação) e Neymar; Fred (Jô, 18'/2ºT). Técnico: Luis
Felipe Scolari
Chile: Bravo, Silva, Medel (Rojas, 3'/2ºT prorrogação) e Jara; Isla,
Dias, Aránguiz e Mena; Vidal (Pinilla, 41'/2ºT); Vargas (Gutiérrez,
11'/2ºT) e Alexis Sánchez. Técnico: Jorge Sampaoli
Pênaltis:
Brasil: David Luiz (GOL); Willian (X); Marcelo (GOL); Hulk (X); Neymar (GOL);
Chile: Pinilla (X); Sánchez (X); Aránguiz (GOL); Díaz (GOL); Jara (X);