Cássio Cunha Lima foi deputado federal por dois mandatos, prefeito de Campina Grande três vezes e governador da Paraíba em duas ocasiões, na última delas sem direito a concluir a gestão obrigado que foi a sair do Palácio pela porta dos fundos depois de flagrado e finalmente sentenciado pela prática de crimes.
Nesse meio termo virou Superintendente da SUDENE, nomeado por Itamar Franco, à época em que a autarquia gozava status de ministério e tinha orçamento bilionário para promover políticas públicas de desenvolvimento regional, inclusive ações de convivência com a seca.
Mas a administração do jovem filho de Ronaldo Cunha Lima foi um desastre para o Nordeste, resultando no fechamento da SUDENE, que somente veio a ser reaberta no Governo Lula e hoje não possui um terço do poder de outrora, sendo mero apêndice burocrático do Ministério da Integração.
Beneficiando apenas grupos empresarias do seu círculo de amizades, foi na gestão de Cássio que estourou o escândalo do FINOR (Fundo de Investimentos do Nordeste), até hoje não inteiramente explicado e que foi responsável pelo sumiço de bilhões de dólares do orçamento da autarquia, dinheiro inclusive que poderia ter evitado o colapso hídrico atual do Nordeste.
Mas o que pouca gente sabe é que Cássio, além de nada autorizar investir para minimizar os danosos efeitos climáticos da região, fez de tudo ao seu alcance para evitar que o redentor projeto de transposição de águas do rio São Francisco pudesse vir a ser executado.
Nordeste afora, por onde ele pode passar investido da condição de Superintendente da SUDENE, pregou exatamente o contrário, fazendo coro com o capital forte do empresariado dos Estados da Bahia e Sergipe, que mantinham lobby em ataque ao projeto, e às aves agourentas que, como foi exemplo lastimável o caso da cantora Elba Ramalho - sua amiga e ela mesma vítima da seca inclemente - se associavam a críticos poderosos para evitar que as águas do Velho Chico pudessem vir a irrigar o semi-árido nordestino, como graças a Deus está bem perto de acontecer.
Cássio avisava e insistia, em todo o Nordeste, a transposição era “desaconselhável”. Para ele, o custo elevadíssimo da obra não compensava “um projeto dessa natureza”.
Como mostram arquivos em poder d’APALAVRA, Cássio Cunha Lima sempre foi um inimigo da transposição e não tinha medo de expressar seu pensamento, mesmo na cidade que o idolatrava, como foi o caso de palestra na sede da Federação das Indústrias do Estado da Paraíba (FIEP), onde à frente do então presidente Agostinho Velloso da Silveira disse em alto e bom som que as águas do São Francisco nunca deveriam vir para Campina Grande.
Felizmente hoje o pensamento do senador parece ter sido abrandado, não por coincidência quando as águas já beiram a cidade de Monteiro a caminho do açude Epitácio Pessoa (Boqueirão).
Oportunismo ou arrependimento?
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