O
ministro da Defesa, Raul Jungmann, fez neste sábado (12) um apelo para
que os policiais militares do Espírito Santo encerrem a greve que chega
ao oitavo dia. “Fazemos um apelo a todos os bons policiais que honrem
suas fardas, que honrem seu juramento e que venham para as ruas para
defender o povo”, afirmou em pronunciamento feito no 38º Batalhão de
Infantaria do Exército, em Vila Velha, na região metropolitana de
Vitória.
O pronunciamento fora anunciado como entrevista coletiva, mas o
ministro se recusou a responder perguntas dos jornalistas. Jungmann
disse que a região metropolitana começou a voltar à normalidade, com
parte do sistema de transporte e das lojas funcionando, mas admitiu que o
retorno dos PMs ao trabalho continua pendente.
Na noite de sexta-feira (11), o governo do Espírito Santo havia
anunciado um acordo com associações que representam os policiais. O
acordo previa a volta ao trabalho até as 7h de hoje, sem punições aos
grevistas.
Os policiais militares, no entanto, mantiveram a paralisação. O
ministro disse que o cabe ao governo estadual conduzir as negociações
com os policiais. “Cabe ao governo do estado a coordenação das ações.
Vamos dar apoio às decisões do governo do Estado.”
O goverador em exercício, Cesar Colnago, fez um rápido pronunciamento
antes do ministro. Ele agredeceu o apoio do governo federal e disse que
fará o necessário para resolver o problema da greve. Colnago e Jungmann
têm uma reunião hoje.
Jungmann reconheceu que as reivindicações salariais dos policiais
capixabas são justas, mas disse que a corporação tem o dever de proteger
a sociedade. A greve levou a um aumento da criminalidade no Estado.
O ministro também afirmou que 3.130 homens da Força Nacional e das
Forças Armadas foram enviados ao Espírito Santo, o que, segundo ele,
proporcionaria um policiamento maior do que em dias normais. Ainda de
acordo com Jungamann, as tropas ficarão no Estado pelo tempo necessário.
Os policiais que não retomaram as atividades estão sujeitos a
indiciamento pelo crime militar de revolta, que leva a expulsão do
militar e prevê pena de 8 a 20 anos de prisão. Setecentos e três
policiais foram indiciados por revolta até ontem.
Entenda a crise no Espírito Santo
No sábado (4), parentes de policiais militares do Espírito Santo
montaram acampamento em frente a batalhões da corporação em todo o
Estado. Eles reivindicavam melhores salários e condições de trabalho
para os profissionais.
Na segunda-feira (6), o movimento foi considerado ilegal pela Justiça
do Espírito Santo porque ele caracteriza uma tentativa de greve, o que é
proibido pela Constituição para militares. As associações que
representam os policiais deverão pagar multa de R$ 100 mil por dia pelo
descumprimento da lei.
Ao longo de todo o movimento, a ACS-ES (Associação de Cabos e
Soldados da Polícia Militar e Bombeiro Militar do Espírito Santo)
afirmou não ter relação com o movimento. Segundo a associação, os
policiais capixabas estão há sete anos sem aumento real, e há três anos
não se repõe no salário a perda pela inflação.
A Sesp-ES (Secretaria de Estado da Segurança Pública e Defesa Social
do Espírito Santo) contesta as informações passadas pela associação.
Segundo a pasta, o governo do Espírito Santo concedeu um reajuste de
38,85% nos últimos 7 anos a todos os militares e a folha de pagamento da
corporação teve um acréscimo de 46% nos últimos 5 anos.
UOL