Os candidatos Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB) participaram nesta quinta-feira à noite do segundo debate televisivo do segundo turno. Organizado pelo SBT/UOL/Jovem Pan, o encontro entre os dois presidenciáveis teve início às 18h05m com os postulantes justificando o por que pretendem assumir o mais alto cargo do Executivo. O tucano defendeu sua candidatura para “encerrar um ciclo que fracassou na economia, com inflação alta e baixo crescimento, além da piora dos indicadores sociais”. Já a atual presidente se disse defensora de um “projeto que vê na justiça social a única maneira de levar o país ao futuro”. Quase no final do primeiro bloco, Aécio acusou Dilma de ter um irmão que é considerado funcionário fantasma do ex-ministro do Desenvolvimento Fernando Pimentel, quando o petista era prefeito de Belo Horizonte em 2003. E no início do segundo, Dilma citou reportagem na qual o ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, teria pago propina ao ex-presidente do PSDB, Sérgio Guerra, para esvaziar uma CPI criada para investigar a Petrobras em 2009. O encontro seguiu ainda com sucessivas trocas de acusações sobre corrupção, mal gestão de governo e conduta ética.
- A senhora conhece o senhor Igor Rousseff? O seu irmão foi nomeado por Fernando Pimentel e nunca apareceu para trabalhar. A diferença é que minha irmã trabalha muito e não recebe nada. O seu irmão não trabalha nada e recebe muito - disse ao rebater acusação da petista no primeiro debate, na semana passada, de que Aécio teria praticado nepotismo ao colocar “uma irmã, um tio, três primos e três primas no governo”.
Após as apresentações, tiveram início os ataques de ambos os lados. Aécio alegou que Dilma será a primeira presidente a deixar o governo com a inflação maior que recebeu e apontou as recentes denúncias de desvio de verbas na Petrobras como ponto fraco de seu governo.
— Foram encontradas irregularidades de R$ 18 milhões. A senhora sempre diz que não sabe de nada e que não tem responsabilidade sobre isso. De quem é a responsabilidade por tantos desvios na Petrobras?" — questionou.
Dilma rebateu as acusações dizendo que as revelações só vieram à tona graças às investigações da Policia Federal em seu mandato.
— A Polícia investigou e vai punir implacavelmente, porque reuniu provas, passou para o Ministério Público e agora a Justiça vai julgar. E isso significa que, pela primeira vez, o Brasil vai ter vez o combate efetivo à corrupção. Porque no debate passado eu lhe perguntei onde estão os corruptos da compra de votos? Todos soltos. Onde estão os corruptos do processo do Sivam? Todos soltos. Da privataria tucana, aquela do "limite da irresponsabilidade"? Todos soltos. Eu tenho um compromisso diferente, de investigar. Os governos que não investigam não acham. Assim quando a gente pergunta quais os recursos passados a três rádios e um jornal do senhor, não existe resposta. Essa é a diferença entre nós, eu investigo - disse.
EX-PRESIDENTE DO PSDB TERIA RECEBIDO PROPINA
Logo no início do segundo bloco, a candidata Dilma Rousseff mencionou reportagem publicada pelo site da “Folha de S. Paulo” na qual revela que o ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, teria repassado propina ao ex-presidente do PSDB, Sérgio Guerra, morto em março deste ano, para que ajudasse a esvaziar uma CPI criada para investigar a Petrobras em 2009.
— Há pouco saiu uma notícia que diz que o ex-diretor da Petrobras afirmou que o ex-presidente do PSDB, Sérgio Guerra, recebeu propina para esvaziar uma CPI. É muito fácil o senhor fazer denúncias. Quando a gente verifica que o PSDB recebeu propina para esvaziar uma CPI o que importa? Importa investigar. Lamento que ele esteja morto. É importante saber quando recebeu, como recebeu e para quê — disse.
Aécio então defendeu uma investigação sobre o caso, porém, ressaltou que há outras denúncias que também precisam de respostas ao lembrar que o tesoureiro do PT, João Vaccari, foi acusado pelo ex-diretor da Petrobras de cobrar propina para conta de campanha
APREENSÃO EM BLITZ MARCA TERCEIRO BLOCO
No início do terceiro bloco, Dilma Rousseff questionou o tucano sobre qual a opinião dele sobre a Lei Seca, numa clara indireta a um fato de abril de 2011, quando Aécio foi parado em uma blitz, no Rio de Janeiro, e se recusou a fazer o teste do bafômetro. Na ocasião, Aécio teve a habilitação, que estava vencida, apreendida. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva já havia citado o caso, ontem, durante um comício no Pará.
— Todos os anos, 40 mil pessoas morrem e outras pessoas sofrem consequências de acidentes de trânsito. Eu sancionei a Lei Seca. O que senhor acha e como o senhor vê a Lei Seca, e se toda a pessoa tem que fazer o exame? - perguntou.
Aécio admitiu ter sido flagrado com a carteira vencida, e que ‘inadvertidamente’ não fez o exame, e que se arrependeu de não tê-lo feito. E em seguida acusou a presidente de nomear o tesoureiro do partido, João Vaccari, na usina de Itaipu.
— Tenha a coragem de fazer a pergunta direta. É claro que essa atitude é extraordinária. Foi uma lei aprovada pelo Congresso Nacional. Tive um episódio que estava com a carteira vencida e não fiz o teste (do bafômetro). E me arrependi. Quero que a senhora olhe para frente. Por que a senhora mantêm nomeado em Itaipu o tesoureiro do seu partido que mantinha dinheiro na sua campanha? Vamos falar de coisas sérias. Não é possível que a senhora queira fazer uma das mais baixas campanhas deste país. Quando a senhora fere a mim e a minha família, ofende as famílias brasileiras que estão em casa. Quando a senhora foi eleita, veio de um presidente popular, mas o seu governo não foi candidata. Seu governo fracassou. A senhora não trouxe para esse debate uma proposta sequer para a saúde, para a segurança pública. Tire os olhos do retrovisor do passado — disse.
Com o Globo