Em entrevista de quase três horas ininterruptas concedida ao programa Conexão Master, da TV Master, na noite desta segunda-feira (13), o governador João Azevêdo (PSB), falou sobre as principais ações de governo, e abriu o jogo sobre o distanciamento político e institucional com o governo federal e o presidente Jair Bolsonaro (PSB), a formação do Consórcio Nordeste, entre outros temas.
Questionado sobre o tratamento concedido por Jair Bolsonado (PSL) em relação à Paraíba, que já culminou no cancelamento de recursos para a dragagem do Porto de Cabedelo, construção de barragens, entre outras obras, João Azevêdo disse que vai a Brasília em busca de construir uma relação republicada, em “busca daquilo que a Paraíba tem direito”.
“Queremos uma relação republicana sim. Não há como uma relação entre a Presidência da República e os governos estaduais acontecerem diferente. Não podemos imaginar que algum estado seja descriminado por causa de posição política do seu governador. É um contrassenso. Não quero isso, vou buscar a todo tempo aquilo que o Estado tem direito. Uma boa relação institucional é obrigação do gestor”, disse Azevêdo.
João Azevedo ainda comentou sobre a recente declaração de Jair Bolsonaro, que disse que não vai punir os estados, porém, cobrou o alinhamento político, principalmente dos governadores da Paraíba e o do Maranhão, Flávio Dino, para a liberação de recursos federais para obras executadas pelas respectivas administrações estaduais.
“Não podemos concordar com frases do tipo: ‘os governadores da Paraíba e do Maranhão só terão recursos se estiverem alinhados com o presidente Jair Bolsonaro’. Eu não tenho obrigação de estar alinhado com o presidente. Eu tenho obrigação de estar alinhado com o povo do meu Estado e não com a figura do presidente. Ele é de um outro partido, eu respeito, mas não preciso estar alinhado [politicamente] para receber recursos da União. Espero aquilo que o Estado possa receber por direito e não por favor”, frisou.
O governador paraibano ainda revelou que só solicitará audiência com Jair Bolsonaro se ‘houver necessidade’. “O que temos para resolver com o governo federal, temos feito diretamente com os ministros do governo. Até agora não recebemos nenhum recurso novo do governo federal. Os repasses que vieram foram de tratativas antigas”, comentou.
Governadores ‘de Paraíba’
João Azevêdo ainda comentou sobre a frase vazada do presidente referindo-se pejorativamente aos governadores do Nordeste ‘de Paraíba’. Dias depois, Bolsonaro afirmou que as palavras teriam sido uma crítica aos governadores da Paraíba e do Maranhão, e não aos nove gestores nordestinos.
“Ele falou sobre os governadores de Paraíba, mas queria dizer do Nordeste. Um marqueteiro de plantão, deve ter aconselhado a reduzir a crítica a mim e ao governador do Maranhão, afinal é melhor se indispor com dois que com nove. Aquilo foi um remendo que saiu pior do que a própria frase. Não tenho que me preocupar com isso, porque todos os dias sai uma declaração nova, que puxam pautas que não interessam para o povo brasileiro. Eu tenho a sensação que existe um governo, e um departamento de frases feitas para gerar mídia”, frisou.
Consórcio do Nordeste
Sobre o Consórcio Nordeste, outro alvo de críticas de Jair Bolsonaro, João Azevêdo disse que a criação do Consórcio Nordeste não representa um movimento oposicionista ao presidente da República, “mas uma forma de concentrar uma série de investimentos em conjunto para a região. Estados precisam de recursos para investimentos”.
Por Ângelo Medeiros / Portal WSCOM